Comecei a utilizar computadores em 1989 aproximadamente quando tive contato com os computadores MSX da Gradiente. Era interessante utilizar códigos Basic para desenvolver programinhas e joguinhos bem simples para depois fazê-los funcionar na tela da televisão ou em um antigo monitor. Era época de se usar CLoad e CSave para gravar os dados em fitas K7 através de um gravador ligado ao micro.

Já em 1990 comecei a fazer um curso de informática na Cedeminas Informática, que funcionava no terceiro andar do edifício Ituiutaba em Ituiutaba-MG. Fizemos 1 mês só de aulas teóricas pois os computadores ainda não tinham chegado de São Paulo. Ainda me lembro da primeira vez que liguei o PC-XT e o vi contar de 0 a 640Kb de memória pelo monitor de fósforo verde de 12 polegadas. Não usávamos HD (winchester como era mais conhecido!) e tínhamos os drives A e B para poder trabalhar com o sistema.

Aliás o sistema operacional era o MS-DOS versão 3.3, o qual levava um tempinho para ligar e depois nos deixava ali de cara com um “A>” na tela piscando, nos desafiando a conversar com ele. Pois é, os primeiros comandos, os coringas para tratamento de arquivos e os temidos comandos “internos” e “externos”. Isso sem contar nos arquivos em lote, no config.sys e o edlin. Não, não se usava mouse. Não, não haviam ícones na tela. Não, eu não tinha um pendrive.

Para se usar outro programa qualquer a saída era trocar de disquetes (que eram de 5,25 polegadas) e executar o outro software. O editor de textos era o Fácil 5.0, que possuía proteção contra cópias exigindo um disquete original em cada máquina. A planilha eletrônica era o Lotus 1-2-3, que você executava digitando 123 no prompt de comando (isso, prompt era o nome do “A>” na tela). Fazíamos planilhas incríveis somente no modo texto. Aliás as funções de planilha evoluíram bastante hoje, mas já naquela época utilizávamos funções equivalentes ao SOMA ou PROCV do Excel. E a divisão em linhas e colunas utilizada hoje também já existia ali.

Eu gostava do MS-DOS. É claro que pilhas e pilhas de disquetes (ordenadamente dispostos em uma “disqueteira”) davam um pouco de trabalho quando precisávamos achar um programa específico, mas também parte da diversão era justamente catalogar tudo, escrever nas etiquetas e tomar cuidado para não dobrar os discos.

Os primeiros passos nas linguagens de programação depois das parcas vezes que usei um MSX foram dados no gwbasic, dbase III Plus e por fim Clipper. Foi aí que me interessei por programação pra valer! O famoso “livro com a capa do navio” do Ramalho era meu companheiro para aprender os comandos do clipper versão Summer 87 nos quase 5 minutos de compilação e linkedição antes que o programa pudesse ser executado.

Adaptação e evolução. Era isso que fazíamos: nos adaptar. Criar discos na (pequena!) memória RAM do equipamento através do ramdrive.sys e ali armazenar o command.com para não ter que voltar o disco de sistema quando se saia de qualquer programa. Utilizar o SideKick para tentar burlar a característica mono-tarefa (era Ctrl+Alt para ativar não era?).

Eram bons tempos. Já imaginou se hoje você fosse capaz de executar um único programa de cada vez em seu computador? A trivial multitarefa que te permite mudar tudo com um Alt+Tab de hoje ainda não existia. E me responda, você hoje teria um computador em casa se não houvesse internet? Não havia Internet e mesmo assim passávamos horas e horas estudando, testando programas da caixa de disquetes que pegamos emprestado e… jogando!

Prince of Persia era o jogo do momento. Movimentos reais, gráficos de última geração, música através do alto-falante do micro e MUITA diversão.

E sabe porque valeu a pena ter passado por tudo isso? Acho que foram os alicerces para tudo que temos hoje nessa área. Hoje a maior parte dos profissionais de informática com quem converso começaram a utilizar computadores com mouse e monitor colorido. Excelentes profissionais sem dúvida, mas não viveram isso… humm deixa isso pra lá. Tô ficando velho.