O Homem Forte e o Afinador de Pianos

O publicitário Celso Loducca coordena um podcast chamado Quem Somos Nós (http://quemsomosnos.com.br/) onde entrevista (semanalmente, eu acho) pessoas das mais diferentes áreas. O programa do dia 29 de agosto desse ano, por exemplo, foi uma entrevista com o professor Maurício Marsola sobre o pensador Albert Camus (escritor e filósofo). É originalmente um programa da rádio Eldorado FM que você pode conferir também no podcast e recentemente passou também a disponibilizar em vídeos as entrevistas no canal dele no Youtube. O interessante é que no meio das entrevistas, por ser um programa de rádio, ele sempre toca algumas músicas de acordo com o gosto do entrevistado, que sempre faz um comentário.

Achei muito bacana esse podcast pois ele entrevista pessoas que trabalham ou atuam nas mais diferentes áreas. Quando trabalhamos em uma área específica muitas vezes nos fechamos somente para aquele mundo em específico, fazendo uma imersão quase total. Mas se desenvolvermos o hábito em “beber água em outras fontes” buscando outros conhecimentos de áreas diferentes do conhecimento humano acabamos construindo uma visão mais apurada e capaz de enxergar os problemas de outros ângulos. Até mesmo na área de tecnologia se encontra pessoas com formações diversas da área e isso facilita, por exemplo, processo de levantamento de requisitos e o diálogo interáreas dentro das organizações.

Mas voltando ao podcast, um outro episódio interessante que escutei semana passada foi uma entrevista que ele fez com um “afinador de pianos”. Como não sou da área de música nunca tinha parado para pensar na existência de um profissional para afinar pianos (esse programa esta aqui: http://quemsomosnos.com.br/?id=128). A série se chama “profissionais em extinção” e o entrevistado é o afinador de pianos Edson Fernando. O Edson aprendeu a profissão de afinador de pianos com o pai e confessa que hoje as pessoas não se interessam mais por esse ofício pois leva tempo para se aprender a afinar o instrumento musical e não é fácil fazê-lo exigindo um ouvido preparado e treinado. Ele comentou que outras pessoas já tentaram aprender a profissão mas após ficarem um tempo acabam deixando e indo trabalhar em outros lugares, talvez procurando algo mais fácil para se fazer.

A cultura virtual imposta pela tecnologia nos habituou a ter agilidade em tudo que fazemos e exigência de uma fluidez e resposta rápida para nossas ações. Essa nossa “geração Google” exige um tempo de estímulo-resposta muito rápido, basta observar os livros e cursos que prometem lhe ensinar tudo de forma rápida e sem “dor”. E tem coisas que, felizmente, precisamos investir tempo e ter paciência para obter o resultado e colher os frutos do trabalho e do tempo investido. Você pode perceber isso, por exemplo, quando está estudando algo novo pois no início leva muito mais tempo para se assimilar os conceitos e você parece estar batendo em uma parede sólida e que não se abala. Mas aos poucos com a apreensão continuada dos conceitos acaba assimilando com mais facilidade e fica perceptível a evolução.

Olhando o arquivo dos episódios do programa selecionei muita coisa e está na fila para ouvir. Numa das séries antigas tem um programa onde ele conversou com o atleta profissional de Strong Man Marcos Ferrari. O Marcos disse que busca fazer o treino sempre com a mente focada no que está fazendo e que não baseia o seu desempenho comparando com os outros atletas mas sim buscando superar a si mesmo. Ok, isso pode até mesmo parecer uma frase retirada de um slide daquele palestrante-motivacional-empreendedor que foi na sua faculdade ou empresa, mas vamos lá: “Maior do que aquele que venceu a mil homens em batalha é aquele que vence a si mesmo”. Essa frase, que é atribuída a Sidharta Gautama, pode nos levar a refletir sobre a necessidade de buscarmos o autoaperfeiçoamento a cada dia. Essa melhoria inclui crescimento como profissional, claro, mas também nos tornarmos pessoas melhores também nos demais aspectos.

E é aqui que entra a melhoria constante e busca diária. Engraçado como voltamos mais uma vez para a construção de bons hábitos e práticas que com o tempo podem influenciar positivamente nossa vida, assunto que já discutimos aqui mais de uma vez não é mesmo? Não adianta nada você fazer atividade física 6 horas aos sábados mas sim 50 minutos 5 vezes por semana.

Sempre que leio um artigo, um livro ou escuto um podcast enriquecedor como os que citei acima busco extrair pontos positivos. Tem muita coisa que se pode auferir disso tudo mas vamos nos concentrar em duas: 1) Não compare seu trabalho (ou seu salário) com outros profissionais. Ter alguém como modelo de onde se quer chegar é ok, mas a vitória maior é você conhecer suas habilidades e deficiências e buscar superá-las que o retorno é consequência; e 2) Nem tudo se resolve rápido e se aprende rápido somente procurando no Google e lendo na Wikipedia ;-). Tem habilidades que você precisará investir um certo tempo e aprender com os mais velhos e experientes até se tornar autossuficiente.