Notas de leitura: Em busca de sentido (Viktor E. Frankl)
Durante minha vida li centenas de livros, porém nunca fiz questão em fazer anotações do que lia. Inspirado no trabalho de Derek Sivers que publicou suas notas sobre os livros lidos, a partir de agora vou publicar algumas observações e citações dos livros que ler. Não vou me preocupar em fazer notas de todos os livros daqui pra frente mas daqueles que de certa forma eu recomendaria muitos que outros pessoas também lessem.
Também não vou me restringir a livros técnicos ou de minha área de pesquisa no doutorado ou trabalho, mas sim todos os livros que ler e achar que poderão agregar também a outras pessoas. Não sei a frequência que postarei e se será útil para mais alguém, mas vou tentar sempre colocar aqui no site. Não se trata de um resumo ou resenha e sim minha observação pessoal. Espero que você aproveite :)
Dados do livro
Nome: Em busca de sentido De Viktor E. Frankl ISBN: 8532606261 140 páginas Nota do quanto você deveria ler esse livro (de 1 a 5): 4
O livro é bem interessante, retrata a vida do autor dentro de um campo de concentração. É uma leitura forte, focada na primeira parte na vivência do autor em um lugar que, segundo ele, as chances de vida eram de 1 em 28. Ele explora o sofrimento como elemento de transformação e em busca do sentido.
O confronto diário com as incerteza, morte, fome, desesperança sem uso de clichês ou lugares comuns. O autor não se autovitimiza mas faz uma abordagem analítica incitando a reflexão sobre sua própria existência. Ou seja, ele usa abordagem científica e não se trata de literatura “autoajuda”. O autor cita Dostoiévski, Spinoza e Nietzche em seu relato e faz analogias bem interessantes conversando com esses autores.
Algumas citações que tirei do livro:
“Nosso tempo era tomado por intermináveis discussões sobre a conveniência ou não de se comer aos poucos, ao longo do dia, a minguada ração de pão que, nos últimos tempos, era distribuída apenas uma vez. Havia dois grandes partidos. Uns eram a favor de se comer tudo de uma vez, assim que recebido. Isto teria duas vantagens: deste modo matava-se o pior da fome ao menos uma vez por dia, se bem que por pouco tempo, e em segundo lugar eliminava-se a possibilidade de roubo ou perda da ração por descuido.”
“A vontade de humor – a tentativa de enxergar as coisas numa perspectiva engraçada – constitui um truque útil para a arte de viver. A possibilidade de optar por viver a vida como uma arte, mesmo em pleno campo de concentração, é dada pelo fato de a vida ali ser muito rica em contrastes. E efeitos contrastantes, por sua vez, pressupõem certa relatividade de todo sofrimento. Em sentido figurado, se poderia dizer que o sofrimento do ser humano é como algo em estado gasoso. Assim como determinada quantidade de gás preenche um espaço oco sempre de modo uniforme e integral, não importando as dimensões desse espaço, o sofrimento ocupa toda a alma da pessoa humana, o consciente humano, seja grande ou pequeno este sofrimento
“Em última análise, viver não significa outra coisa que arcar com a responsabilidade de responder adequadamente às perguntas da vida, pelo cumprimento das tarefas colocadas pela vida a cada indivíduo, pelo cumprimento da exigência do momento.”
“A vida no campo de concentração ensejava sem dúvida o rompimento de um abismo nas profundezas extremas do ser humano. Não deveria surpreender-nos o fato de que essas profundezas punham a descoberto simplesmente a natureza humana, o ser humano como ele é – uma liga do bem e do mal! A ruptura que perpassa toda a existência humana e distingue bem e mal alcança mesmo as mais extremas profundezas e se revela até no fundo desse abismo aberto pelo campo de concentração.”
“Uma vez que cada situação na vida representa um desafio para a pessoa e lhe apresenta um problema para resolver, pode-se, a rigor, inventar a questão pelo sentido da vida. Em última análise, a pessoa não deveria perguntar qual o sentido da sua vida, mas antes deve reconhecer que é ela que está sendo indagada. Em suma, cada pessoa é questionada pela vida; e ela somente pode responder à vida respondendo por sua própria vida; à vida ela somente pode responder sendo responsável.”
Na segunda parte do livro o autor descreve de forma mais simples a logoterapia, desenvolvida a partir de sua experiência no campo, comentando que o sentido da vida se modifica mas jamais deixa de existir e pode ser descoberto a partir de 3 coisas, segundo o autor: 1. criando um trabalho ou praticando um ato; 2. experimentando algo ou encontrando alguém; 3. pela atitude que tomamos em relação ao sofrimento inevitável.
Livro curto, você lê em menos de uma hora. Vale o tempo.