Aproveitando a temática dessa semana nas postagens, me lembrei de um texto do escritor ituiutabano José Moreira Filho que reproduzo abaixo. O bacana foi que bastou um email e ele me retornou com o texto rapidamente. (acho que o fato dele ser meu pai facilitou um pouco :) ).

A propósito, estou estudando a melhor forma de colocar comentários aqui no site. Dei uma olhada no Hypothes.is e algumas outras soluções. Como o site não é Wordpress é preciso procurar mais um pouco. No passado usei o Disqus mas quero algo mais simples, seguindo a proposta minimalista do site. Até lá, quem quiser continuar o papo, só me mandar um email.

Deixo como destaque:

Assim sendo, o que é? Responde-me a informação. O que posso fazer? Responde-me a ciência. E o que devo fazer? Responde-me a sabedoria. José Moreira Filho

Ciência e Sabedoria

Eu me preocupo muito com a relação existente entre ciência e sabedoria. Não que vou ser beneficiado ou vítima do descontrole dessa interação, até porque os resultados são lentos e provavelmente não viverei para senti-los. Mas penso nos que virão, e por aproximação nos filhos e netos. Esse meu raciocínio se justifica pelo avanço vertiginoso da ciência nem sempre acompanhado por um controle sábio, que pese sempre as consequências desses avanços. Motivou-me essa crônica, um texto que li sobre Stephen Hawking, um dos cientistas mais brilhantes dos últimos tempos, falecido em março de 2018, e que demonstrava preocupação com a chamada inteligência artificial, o que ele chama de ameaça “interna”. Segundo ele se não controlada será mais perigosa do que qualquer imaginável ameaça vinda do espaço, de outro planeta ou galáxia. Nesse seguimento já sabemos, por exemplo, que já se cria vida em laboratório. Mas que tipo de vida? E a centelha Divina, não existe? Como fica a essência do procedimento? Cria-se também um espírito?

A esse respeito vale lembrar o poema A Rocha de T.S.Eliot que diz: “invenções sem fim, experimentos sem fim, nos faz conhecer o movimento, mas não a quietude, conhecimento da palavra, mas não do silêncio, das palavras, mas não da Palavra”. E continua: “Onde está a sabedoria que perdemos com o conhecimento? Onde está o conhecimento que perdemos com a informação?” Ainda é bom lembrar-nos que existe diferença entre informação, conhecimento e sabedoria. A informação nos proporciona dados e é encontrada com muita facilidade, basta acessar a Web, embora careça de confiabilidade, no que o conhecimento pode ajudar, pois é daí que surge a ciência. Combinando-se informações e checando sua veracidade, posso descobrir para que serve aquilo que a informação me disse o que é. Então entendo o que posso fazer com o conhecimento. Mas paro por aí, pois só a sabedoria vai me dizer o que devo fazer. A propósito existe um sem número de coisas que só conheço através da sabedoria. Por exemplo, qual o sentido da minha vida? O meu passar por esse mundo tem valido a pena? O que existirá após o apagar dos meus olhos? Vemos assim que a sabedoria é muito mais importante. É ela que dá a razão saudável para a minha ação. Um eminente médico, com “n” dados de informações, dono de vasto conhecimento científico pode usar tudo isso para praticar o mal, se não for sábio, ou para realizar o bem, se embasado pela sabedoria.

Assim sendo, o que é? Responde-me a informação. O que posso fazer? Responde-me a ciência. E o que devo fazer? Responde-me a sabedoria.

Outra preocupação minha com essa questão é em relação à quantidade de informações que a sociedade contemporânea nos obriga a guardar. Só números, dependendo da pessoa são, no mínimo, dez. RG, CPF, TELEFONE, CELULAR, CEP, ENDEREÇOS, MASP, OAB, CONTA BANCÁRIA, CARTÕES DE CRÉDITO etc.

O pior é que estamos obrigando nossas crianças, ainda na tenra idade, a se responsabilizar cada vez mais por informações em detrimento do verdadeiro conhecimento e, principalmente, em detrimento da substancial sabedoria.

José Moreira Filho (moreira@baciotti.com) Acadêmico da ALAMI (Academia de Letras, Artes e Música de Ituiutaba)

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